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Photo: Cine Humberto Mauro
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Belo Horizonte promoveu a mostra Devětsil – Uma vanguarda tcheca

Entre os dias 18 e 31 de maio, aconteceu em Belo Horizonte a mostra "Devětsil – Uma vanguarda tcheca" que apresentou um panorama cinematográfico relacionado ao importante movimento artístico estabelecido na Tchecoslováquia durante a década de 1920, com três recortes que percorreram seis décadas do cinema tcheco.
 

O Cine Humberto Mauro apresentou em Belo Horizonte a mostra “Devětsil – Uma vanguarda tcheca”.

Tendo o movimento Devětsil como ponto de irradiação, a seleção de filmes apresentou ao público um panorama cinematográfico que percorreu seis décadas do cinema tcheco (dos anos 1920 até os 1970), no qual os cineastas foram influenciados por uma ampla gama de tendências e estilos, desde a vontade de produzir narrativas sobre uma realidade interior, ao influxo do surrealismo, do realismo socialista e da literatura produzida por seus conterrâneos.

Devětsil

Em dezembro de 1920, quatorze artistas fundaram em Praga, a capital da recém-fundada República Tchecoslovaca, o movimento Devětsil, que ao longo de uma década inspirou diversas manifestações vanguardistas no coração da Europa central, das letras às artes visuais, do design ao cinema, da música ao teatro. Entre os fundadores estava o escritor Vladislav Vančura, que em 1931 publicará o célebre romance Markéta Lazarová, uma das obras mais radicais e influentes da arte tcheca. Seus trabalhos como roteirista e diretor, entre o fim dos anos 1920 e o início dos 1930, deixarão seu nome entre os protagonistas da primeira fase do cinema no país, que também teve como figura central outro integrante reconhecido do movimento, o escritor Vítěslav Nezval, que roteirizou filmes célebres como o ousado Erotikon (no Brasil foi lançado como Conflito dos Sexos), de Gustav Machatý, lançado em 1929.   

Outros nomes ligados ao Devětsil, como os atores Jiří Voskovec e Jan Werich e o compositor Jaroslav Ježek, participantes da cena teatral Osvobozené divadlo, de forte influência dadaísta, também deixarão sua marca em muitos filmes populares realizados nos anos 1930, como Trabalhadores, Vamos Lá, comédia social de enorme sucesso dirigida por outro pioneiro do cinema tcheco, Martin Frič.

No final dos anos 1930, a invasão da Alemanha nazista interrompeu de maneira bruta os desdobramentos da efervescência vanguardista – nesse momento já com uma forte inclinação social – dos nomes ligados ao Devětsil. Vančura participou do movimento de resistência e foi assassinado pela SS. Nezval terminou preso. Voskovec, Werich e Ježek exilaram-se nos Estados Unidos.

A possibilidade da continuidade da experimentação do Devětsil só veio no pós-guerra, quando alguns integrantes puderam retornar ao país. Mas foi na década de 1960, o momento em que uma nova geração vanguardista, os jovens da Nova Onda do Cinema Tcheco, assumiu as rédeas da criação cinematográfica do país, que a inspiração do movimento tornou-se novamente decisiva, especialmente a partir dos filmes realizados a partir das obras literárias escritas por Nezval e Vančura na década de 1930, como Markéta Lazarová, Um Verão Caprichoso e Valerie e sua Semana dos Deslumbramentos. Com o fôlego renovado dos jovens cineastas, a herança da vanguarda tcheca ganhou novas cores e e segue até hoje despertando paixões e desconcerto.

Para explorar ainda mais a cinematografia do território, a programação contou com duas sessões do programa “História Permanente do Cinema”, que foram comentadas por especialistas.

A mostra foi exibida dos dias 18 a 31 de maio, no Palácio das Artes, e tinha entrada gratuita. Ao todo, foram exibidos quinze longas-metragens.

Na abertura da “Devětsil – Uma vanguarda tcheca”, o público pôde acompanhar e mergulhar no universo da cineasta Věra Chytilová numa sessão da mostra História Permanente do Cinema. Com narrativa e linguagem experimental, O Fruto do Paraíso convidou à reflexão sobre o mundo que nos cerca. A sessão foi comentada pela professora e pesquisadora de cinema e comunicação Nina Gazire. Após a sessão, houve uma degustação de cervejas e vinhos tchecos, patrocinada pela Jairos Cervejaria e Vinho Jožka Valihrach.

A mostra foi uma realização da Fundação Clóvis Salgado e do Consulado Geral da República Tcheca em São Paulo, tendo contado com o apoio do Consulado Honorário da República Tcheca em Belo Horizonte e a Cinemateca Capitólio em Porto Alegre.

Galeria


Mostra de cinema “Devětsil – Uma vanguarda tcheca”